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CONTOS I - Cedo Demais

CONTOS I - Cedo Demais

Veja a menina Simone.

Ela é a personagem principal deste conto que você vai ler agora.

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APRESENTAÇÃO

 

 

POEMAS

 

POEMAS I - Arco-Íris - A Roseira - Dia de Festa - Vida de Poeta - Despedida - Tempo de Estima - Grampo de Cabelo - Duas Faces

 

POEMAS II - Imagens no Espelho - Analogia - Jardim - Conhecendo uma Mulher - Céu Estrelado - Mar em Calmaria - Prazer Total - Quando a Noite Vier

 

POEMAS III - Vestido - Volta ao Começo - Declaração - Além da Morte - Idealização - Faz-de-Conta - Uma Gota no Oceano - O Desejo de Ser...

 

POEMAS IV - A Cigana - Um Novo Dia - Em um Minuto - Cinderela - O Pintor de Quadros - Doçura - Divisão - Menina da Noite

 

POEMAS V - O Pequeno Pássaro

 

 

PROSA

 

CONTOS I - Cedo Demais

 

CONTOS I - Cedo Demais (final)

 

CONTOS II - Ciranda, Cirandinha...

 

CONTOS II - Ciranda, Cirandinha...(final)

 

ARTIGOS E CRÔNICAS - Um Ato de Amor - Na Terra do Peter Pan Só Não é Criança Quem Não Quer / Os Sem-Praia - Plante uma Flor no Coração

 

 

PROJETOS

 

DRAMATURGIA - As Gêmeas/ Drama - O Reino de Cristal/ Infantil - Atribulações em Família/ Comédia de Costumes

 

CINEMA - Fogo Sob as Cinzas/ Drama/ Longa Metragem - Clube dos Espertos/ Comédia/ Curta

 

TV/ VIDEO - No Mundo Encantado/ Série p/ o Público Jovem

 

 

INFORMAÇÕES

 

MÚSICA - Vingança dos Carecas

 

GALERIA DE FOTOS

 

ENCERRAMENTO

                                                                      CEDO DEMAIS

          Envolto numa mortalha preta, um corpo chega ao Instituto Médico Legal. Pouco se sabe sobre a pessoa: Só que é do sexo feminino,  morena clara, de cabelos lisos, castanhos, esbelta, bastante jovem, aparentando ter mais ou menos uns dezesseis anos, trajando uniforme colegial. Suicidou-se jogando-se do terraço de um prédio comercial, conforme o testemunho de um zelador do prédio, que presenciou os últimos momentos, quando a moça se jogou, e notificou o caso à polícia. É o que foi apurado através desse depoimento prestado  pela testemunha, que afirmou não ter tido como evitar que ela se matasse . Quando ele a viu, ela já estava em pé no parapeito do terraço. Acabou se desequilibrando e caiu de uma altura de dez andares.
          Após algum tempo, o serviço de resgate do Corpo de Bombeios aparece. Depois de um rápido exame foi constatado que a jovem estava sem vida. Ela foi transportada para o IML para as providências necessárias.
          No IML as suas vestes foram revistadas para ver se encontravam algum documento que pudesse identificá-lo. Apenas foi encontrado no bolso da blusa a carteirinha de estudante, constando seu nome, que era Simone Mendonça Cipriano, a data do nascimento, que dava a certeza de que tinha dezessete anos, que cursava o segundo grau e a carteirinha ainda indicava o nome, os telefones e o endereço da escola. Teria morrido, conforme a informação que foi dada, mais ou menos às vinte e três horas e trinta minutos de uma noite bonita, estrelada, com uma lua maravilhosa, que contrastava, prezado leitor, com o horrível acontecimento.
          A escola é notificada, ao amanhecer e através desta, a família é informada do ocorrido. Pouco tempo depois a mãe da falecida, de nome Elvira, aparece, chorando muito, ainda se negando a aceitar o que havia ocorrido, por não se conformar com a perda da filha.
              Logo, Elvira reconhece ser a sua menina. Em seguida preenche todas as formalidades imprescindíveis à liberação do corpo para o funeral e volta em seguida à sua residência. Com o ar abatido,  pega o primeiro ônibus de volta, chorando. Procura disfarçar as lágrimas pelo fato de estar na rua, mas não consegue. A tristeza que a domina é tamanha, que ela chora copiosamente.
              Chega ao seu destino, abre a porta da casa, entra e olha angustiada para o lar. Sente tudo desmoronar, como se um enorme peso caísse-lhe na cabeça. Vai até o quarto, deita na cama, afogada nas lágrimas que voltam a brotar dos olhos. Tenta estancar as lágrimas, entretanto não consegue. Resolve andar. Então levanta e vai até o quarto que era o da filha. Abre a porta e olha tudo detalhadamente. Está tudo arrumado, como sempre. Simone era caprichosa. Constata a eterna mania que ela tinha de colecionar bonecas, possuindo várias, de diversos tamanhos. Tantas... espalhadas por vários lugares daquele cantinho singular, agora transformado num lugar fúnebre.
          Elvira, ao rever o recanto preferido de Simone, começa a pensar mais firmemente na filha, há anos, numa conversa que não parecia ter importância.

 

          - Por que coleciona tantas bonecas, filha? Você as tem desde o tempo de criança. Bonecas e mais bonecas em cima do seu guarda-roupa...
          - São minhas filhas, mamãe! - Brinca com a mãe. - Trate de amá-las, que elas são as suas netas.
          Não suportando mais ver aquele quarto, Elvira sai, fechando a porta, indo repousar no seu, deitando na cama. Porém, ouve as palavras da filha, que lhe voltam repetidamente aos ouvidos.
          - O que eu mais quero na vida é ter um filho, mamãe!
          - Você não diria isso se soubesse o trabalho que dá cuidar de uma criança. - responde a mãe, usando um tom de brincadeira.
          - Cuidar de uma pessoa que é um pedaço da gente, deve ser maravilhoso!
          - Pare de pensar nessas coisas, menina! Você é muito nova para pensar nisso. Pense agora nos estudos. Mais tarde, quando você casar, aí poderá pensar nos filhos. E terá muito tempo; garanto.
          Simone se cala, permanecendo um pouco contrariada.
          Mais lembranças se seguem. Passam pela cabeça da Elvira. Recorda também que a Simone era o orgulho, tanto dela quanto do marido, desde pequena, e que depositavam muitas esperanças no futuro da menina, como carinhosamente a viam.
          - Essa menina será alguém na vida. - Afirma Oscar, mostrando o boletim da Simone à esposa, com muita satisfação.
          Elvira sorri de modo espontâneo. Um sorriso que demontra o orgulho daquele momento.
          Retornando à realidade, Elvira se aborrece, tentando afastar qualquer lembrança relacionada com o marido.
          - Maldito! - Grita, esmurrando o colchão.
         Continuam as lembranças daquela mãe em relação à filha. Pensa nos amigos da garota... Ela era muito simpática, meiga e agradável... As pessoas gostavam muito dela... Então, ela tinha muitos amigos. Finalmente vem-lhe à mente o fatídico dia que ela lhe contou o que seria o segundo momento mais dramático da família. Estava acompanhada de uma amiga, que a encorajava na empreitada. E embora estivesse amedrontada, foi direto ao assunto.
          - Mamãe, eu estou grávida!
          - O que?!
          Elvira não acreditava. Só podia ser uma brincadeira. Porém o que estava sendo dito era provado também, porque Simone trazia um teste de gravidez, que confirmava aquelas palavras que dizia, enquanto a amiga tentava ajudar de alguma maneira possível, para amenizar o mal-estar causado pela confissão que era feita naquele instante.
          - Eu disse para ela não fazer sexo sem camisinha ou a pílula, para não correr riscos. Ela não quis me ouvir...
          - Não quis porque quero esse filho!
          Elvira já não escutava mais coisa alguma. Estava confusa, não sabendo o que fazer, enquanto as duas continuavam a discutir.
          - Eu não me entrego assim, sem mais nem menos. Comigo, quero que aconteça só com o homem que eu for me casar. Você mal começou a namorar e já fez isso...
          - Gisele, dispenso a sua opinião. Aconteceu o que eu queria... Foi muito bom!
          - A gente só deve fazer amor com um namorado, quando se tem certeza do que sentimos e se ele nos ama de verdade, mas evitando a gravidez. Eu lhe falei várias vezes sobre isso!
          - Chega! - Grita Elvira - Parem de falar! Quem é o pai? - Pergunta duramente à filha.
          - Não interessa! - Responde, chateada. - Esse filho é meu! Só meu! Não tem pai! - Simone sai, de cara amarrada e se tranca no quarto.
          Elvira se despede de Gisele, pedindo que ela se retire.
          - Por favor, Gisele, amanhã você conversa com a Simone.
          - Até, D. Elvira.
          Gisele vai embora, deixando Elvira na sala, desolada.

 

 



                                                                                                         ..........(Continua na Página Seguinte)...........         

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